Resenha: Peter Pan
Título Nacional: Peter Pan (Ed. de Luxo)
Título Original: Peter Pan
Autor: J. M. Barrie
Editora: Zahar
Ano: 2014
ISBN: 978-85-378-115-35
Classificação: 5/5
Sinopse: Um dos mais populares clássicos infantis, Peter Pan é uma história que, como Alice no País das Maravilhas, une gerações, contagiando também adultos com sua energia, imaginação e um enredo que permite diversos níveis de interpretação. Essa tradução do texto integral da obra de J.M. Barrie transporta crianças e adultos para um mundo mágico, povoado pela família Darling e pelos habitantes da Terra do Nunca - Peter Pan, os meninos perdidos, Sininho, o Capitão Gancho e seus piratas... A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.
Infelizmente, minha infância não foi recheada de histórias com príncipes, princesas, castelos e magia... Não que eu não tenha visto animações, desenhos animados e histórias da Disney, mas não me lembro nem de ter visto algum filme de princesa quando era pequena e, com absoluta certeza, não sei cantar grande maioria das músicas desses filmes. Claro que conhecia a história de vários, mas como conhecimento geral, e já assisti alguns filmes mais velha, como A Princesa e o Sapo, Rapunzel...
O meu envolvimento com este mundo mágico só teve maior intensidade no final de 2015, quando comecei a assistir Once Upon a Time e me apaixonei pelos personagens. Dai em diante quis ler livros sobre o tema, assistir alguns filmes clássicos como Branca de Neve, A Bela e a Fera, entre outros, e conhecer melhor este mundo.
Este ano comprei quatro livros da edição de luxo dos Clássicos da Editora Zahar (Peter Pan, O Mágico de Oz, Contos de Fadas e Alice) que contam histórias clássicas e infantis (na versão original) e estou muito encantada! Hoje vou começar a resenhá-los por ordem de leitura e o primeiro é um dos livros que mais gostei e um dos que me fez sair da minha zona de conforto literária!
Acho que a maioria das pessoas que conhece meu lado literário, sabe que não gosto de fantasia. Não curto muito seres que não existem, lugares fantasiosos, magia e afins. Gosto do “real”, de ler e imaginar que aquela história poderia de fato acontecer com alguém... E por isso me surpreendi por ter gostado tanto de Peter Pan.
Sei que existem diversas teorias da psicanálise infantil para tentar decifrar esta história. A real é que não li nada antes pra tentar entender... Apenas comecei a leitura (já sabendo um pouco da história) e não esperei nada demais.
A história, pra quem não conhece, fala sobre a viagem de três irmãos, Wendy, Miguel e João Darling para a Terra do Nunca, uma ilha onde tudo é faz-de-conta e que abriga os Meninos Perdidos, meninos órfãos que têm Peter como um ídolo. O Peter é o líder deles, um garoto de pouca idade e que nunca cresce, e vive por aí, arrumando confusões, se divertindo e odiando adultos. Juntos, os três irmãos Darling abandonam a casa na Inglaterra e sua família para voar com Peter Pan e a Fada Sininho, e então passam a viver aventuras com fadas, piratas, animais selvagens e casas embaixo de árvores. Wendy se torna a mãe que todos os Meninos Perdidos sonhavam em ter e Peter, o pai.
Eu realmente adorei a história. Existem coisas que são tão divertidas, como a babá das três crianças ser um cachorro amoroso e atencioso (o que só fui descobrir após várias páginas, então levei um tempo para entender porque aquela babá ficava deitada no chão kkkkk); o crocodilo ter engolido um relógio e então fica fazendo “tique-taque” enquanto anda; a origem das fadas ser o sorriso dos bebês...
Apesar deste ser um livro para crianças, acho que todo mundo deveria lê-lo. O J. M. Barrie fez um trabalho incrível na caracterização de todos os personagens, desde os principais, até os animais selvagens. Teve alguns momentos que fiquei meio implicante com o Peter, mas acho que essa é uma das belezas do livro, pois podemos perceber que ele é simplesmente uma criança, que quer se divertir ao máximo, sem pensar muito nas consequências e quer sempre ser reconhecido como o melhor. Por outro lado, vemos a maturidade da pequena Wendy que, com todo amor e carinho, cuida daqueles meninos como se fosse realmente mãe deles.
“O faz de conta era tão real para Peter que durante uma refeição de mentirinha ele chegava a engordar”
Realmente me senti como se estivesse na Terra do Nunca, comendo um pão faz-de-conta no jantar e nadando pelo mar, me escondendo de piratas e perturbando a Sininho. O autor conseguiu me fazer sentir como diversos personagens: os Meninos Perdidos, que gostariam de ter uma mãe, mas não querem abandonar o Peter; como o Peter Pan, que não vê muito o sentido de crescer e fazer tudo igual aos outros; como Wendy que, apesar de amar aqueles meninos, sente muita falta da mãe; como o Pirata Gancho, que deveria ser o homem mais temeroso de todos, mas morre de medo de um crocodilo; como a mãe Darling, que faria tudo para ter seus filhos de volta... J. M. Barrie se coloca como autor-personagem, informando o que talvez aconteceria se algo não fosse daquela maneira e, assim, conseguimos nos envolver ainda mais na história.
A beleza maior na história de Peter Pan, para mim, é a necessidade do acreditar. Não somente na Terra do Nunca, onde tudo acontece através da imaginação e da confiança, mas também aqui, na nossa sociedade. Se não acharmos que nossos sonhos podem ser realizados, seremos adultos iguais a tantos outros, frustrados com nossas conquistas medianas e dando a certeza ao Peter que crescer realmente não é lá coisa boa...
Não posso finalizar esta resenha sem comentar desta edição de luxo da Zahar. Foi tudo tão bem pensado, feito com tanta preocupação e cuidado que merecia classificação 5/5 só pela edição! O livro é capa dura, leve, pequeno, com uma ótima diagramação! Zahar, I think I ♥ you.
Espero muito que leiam essa ou outra edição dessa história! É muito divertida, interessante, inteligente e te faz querer sair voando por aí! Se você já leu, deixa ai nos comentários o que achou!
xêro!
